Cada obra é uma conversa. Explore aqui os diálogos que tenho travado com a tela, os pixels e as ideias.
Este espaço explora o ponto de fuga no infinito, o ponto onde duas retas paralelas se tocam para se tornar uma só. Vivemos na fronteira, na intersecção criativa de dois mundos que se buscam. É a vitrine de um laboratório dedicado à prova de que toda reta paralela anseia por seu encontro no infinito. Caminhos distintos. Um horizonte compartilhado. Via da expressão. Via da investigação. A distinção entre as duas se dissolve na verdade.
Meu nome é Paloma Sette e eu sou entusiasta das duas retas paralelas que tendem a se encontrar no infinito.
Axiomas do Frio - Rio de Janeiro, 2014
Carvão vegetal sobre C à Grain
Se x é a soma de todas as quantidades de si mesmo, então x é o frio. O frio contém a medida de todos os invernos. O inverno dura quatro meses: de Junho a Setembro. O verão ocupa quatro meses. Entre eles, há quatro meses suspensos, indecisos entre extremos. O ano se divide como um círculo em três partes iguais: frio, calor e incerteza. Em Outubro, a chuva marca a passagem. Em Novembro, as árvores florescem. Em Março, os alunos voltam. Em Junho, as bibliotecas ficam plenas. Se x é Junho, mês em que os livros multiplicam-se como folhas, então x se aproxima do infinito — assim como o frio se repete infinitamente na história do tempo. Nunca sentirei tanto frio agora quanto no futuro, pois o futuro é sempre mais vasto que o presente. Se o frio é eterno em sua repetição, o calor, seu espelho, compartilha da mesma eternidade. O futuro do frio é infinito. O futuro do calor é o futuro do frio. As bibliotecas, como o tempo, parecem infinitas: quase sempre vazias, mas em Junho tornam-se intransponíveis, como se apenas um instante bastasse para revelar a abundância do infinito.
Ponto zero. O silêncio antes da forma.
A mão paira sobre a tela em branco,
Um deus calmo na véspera de um universo.
Então, a fissura. A geometria do crânio cede.
A mente, não mais contida, transborda.
Jorram-se os rios negros.
Matéria escura do possível:
Emaranhado de neurônios,
Caligrafia do subconsciente.
Curvas dos rios. Musas sem nome.
Arquétipos de carne e sonho.
Ideias puras, vulneráveis.
Das ideias, flores. Fertilidade do caos.
Fiação encefálica.
Maquinário inefável, tecelagem do sublime.
O leme navega na enchente da alma.
Mapa. Geografia visível. Neurologia invisível.
Autorretrato do que o cérebro sonhou.
Colagem, lápis e hidrocor - Trabalho de Artes Visuais, 2011
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